Detectando e prevenindo ataques com observabilidade em seu CDN

Prevenir ataques ao seu site, seja ele corporativo ou pessoal, é hoje uma necessidade. A melhor forma de fazer isso é usando ferramentas WAF (Web Application Firewall) que permitem não apenas fazer o cache para aceleração de conteudo como um proxy reverso, mas tambem para fazer as proteções de conteudo.

No exemplo abaixo estou usando o CDN da Microsoft que é o Azure Front Door.

Utilizando o Workbook Azure WAF Workbook With Metrics

O workbook está disponivel no Github oficial da Microsoft em Azure-Network-Security/Azure WAF/Workbook - WAF Monitor Workbook at master · Azure/Azure-Network-Security

Uma vez baixado, basta informar os dados de seu CDN ou WAF.

Detectando as Anomalias de Ataque

Já a algum tempo que faço os bloqueios por paises e URLs mal formadas ou com indicios de ataque. Como rotina olho a cada manhã para ver as estatística e se preciso incluir novos tipos de acesso indevido.

Hoje me deparei com um aumento expressivo de request em meu dashboard principal indicando algo errado, como mostra a umagem abaixo:

Pode-se perceber que um alto numero de request ocorreu sem aumentar o numero de conexões ativas, ou seja uma unica conexão gerando milhares de requests é realmente algo suspeito. Na madrugada isso pode ocorrer realmente, afinal os buscadores costumam fazer suas varreduras durante os horarios fora de pico. Mas não na hora do almoço...

Ao abrir o workbook de analise do WAF vi que o resultado era o esperado, o numero de páginas legitimas nas ultimas 24 horas correspondia ao normal porem o numero excessivo de blocks se confirmou!

Na sequencia analisei as regras que geraram estes 30 mil bloqueios e pude notar que foram realmente tentativas de ataque utilizando SQL e JSON injection, brute-force de administração e quebra de páginas com script embedded:

Como observação, pude ver que os paises conhecidos como atacantes na minha segunda regra que mais gerou blocks tambem tem um alto indice de paridade indicando que por algum motivo fui alvo de um ataque zumbi e vou explicar mais abaixo sobre isso.

Continuando a observação pude ver que os ataques se concentraram basicamente em 3 IPs, destacando o 122.128.109.253 como o mais ativo. Detalhe que o IP 146.70.184.154 está se utilizando de um ataque anterior que irei abordar na conclusão.

Por fim, verifiquei no Microsoft Defender Threat Intelligence que o IP 122.128.109.253 é um IP registrado em Hong Kong pertencente a uma empresa real em um endereço legitimo em um condominio da JLL:

Essa informação bate com o resumo do tráfego no meu CDN Front Door:

Conclusão

Ao pesquisar os dados notamos que é provavel o uso deste IP como zumbi, já que se trata de uma empresa de internet. Isso pode ocorrer de várias formas como um injeção de código em um blog ou um site mal protegido. Por exemplo esta empresa pode hospedar sites de terceiros e um deles ao ser hackeado está servindo de fonte de ataques.

Isso não é raro de acontecer, por exemplo eu até inicio de 2023 utilizava uma versão de Wordpress que era vulnerável e sofri a injeção uma unica página no site chamada "video.aspx" que servia para gerar lucros por simular clicks em um video monetizado. Hoje eu tenho uma versão mais recente e não vulnerável alem de ter colocado a página "videos.aspx" na lista de bloqueios. Mas se eu já removi e fiz a atualização do engine do blog, porque preciso fazer o bloqueio da página?

O motivo é simples, os "zumbis" ainda usam o meu site como tentativa de monetizar click em videos externos... Pode-se ver que o IP 146.70.184.154 mostrado em um dos prints acima está tambem sob controle de algum tipo de atacante, pois ele está tentando disparar uma série de videos a partir do meu blog.

E o caso do IP 122.128.109.253?

Olhando depois os logs vi que todas as tentativas de acesso vindos deste IP foram bloqueadas com sucesso, comprovante que a minha regra funcionou bem!

Portanto, lembre-se que a observação e analise das suas regras precisa ser constante, uma rotina para sua equipe.

Purview Insider Risk Management (IRM) Agora Integrado com ENTRA Conditional Access

Uma novidade bem interessante anunciada em preview a poucos dias é a integração do resultado do Purview IRM com o acesso condicional do ENTRA.

Relembrando o que é o Insider Risk Management

O Purview IRM é um recurso do Defender XDR para monitorar atividades na organização no nível individual e corporativo.

Ele permite comparar o comportamento de um usuário em relação ao seu proprio comportamento tradicional ou ao comportamento da corporação como um todo e detectar anomalias. Por exemplo ele é capaz de detectar quando um funcionário enviou uma quantidade de emails ou copiou arquivos em uma curva diferente do que ele costuma fazer no dia a dia. Esse comportamento indica que o usuário está exfiltrando dados, seja interno ou externo.

Para os que não o conhecem, tratei desde recurso no Ignite After Party de 2022 (Marcelo Sincic | Evitando vazamento de dados com o Microsoft Purview).

Integrando com o Acesso Condicional

Neste preview agora podemos usar as métricas do IRM para detectar e bloquear um usuário que esteja tendo comportamento anormal.

Esse novo recurso irá evitar dinamicamente duas situações de risco:

  1. Um usuário que está vazando ou copiando dados continue se logando nos sistemas e serviços como OneDrive, SharePoint e outros será bloqueado após seu nivel de alerta alcançar o que você determinar
  2. Um hacker ou ator malicioso está copiando os dados para outro local se passando por um usuário legitimo que pode ter tido credenciais roubadas

A configuração dessa integraçao é muito simples, indique essa nova condição de acesso e o nivel desejado de sensibilidade:

Conclusão

Agora você poderá ter uma ação automatica e reativa quando houver a detecção de anomilia no comportamento de um usuario no IRM.

Referencia técnica: Help dynamically mitigate risks with adaptive protection (preview) | Microsoft Learn

AttackIQ Flex - Usando e Avaliando sua Segurança

Sempre procuramos e nos preocupamos em saber se estamos realmente protegidos contra os ataques mais comuns e sofisticados.

A MITRE possui uma ferramenta bem interessante com kits de ataque que é o AttackIQ Flex disponivel em https://www.attackiq.com/

O que é o AttackIQ Flex

Um conjunto de ferramentas para simular ataques com diversas simulações de ataques separadas por grupos, onde poderá seguir as instruções.

Os pacotes de teste são separados entre os que são gratuitos e os pagos com créditos que podem ser adquiridos na propria ferramenta.

É importante essas ferramentas já que a Microsoft não tem mais o recurso de Simulador de Ataques nativo na suite (Microsoft Defender for Endpoint evaluation lab | Microsoft Learn)

Exemplo: Pacote de teste de EDR

Ao baixar o pacote de EDR basta executar o conteudo e 27 diferentes ataques serão simulados como CryptoInject, Petya, WannaCrypt, Diamond e outros.

Execute o script que irá executar passo a passo cada um dos 27 ataques simulados. Lembrando que são simuladores que não encriptam ou realmente efetivam o ataque, mas sim geram os sinais que os EDRs deveriam nativamente identificar para evitar que o ataque seja efetivado:

Instantaneamente o EDR deverá alertar o usuário que os ataques foram bloqueados, arquivos enviados para quarentena ou reportados:

Uma vez finalizado será gerado um arquivo zip com o resultado do teste, que deverá ser feito upload no site do AttackIQ Flex que irá gerar um report executivo bem detalhado:

Resultado da Proteção do Defender for Endpoint EDR

E como o Defender for Endpoint, a solução EDR da Microsoft, se saiu no testes?

MUITO BEM OBRIGADO!!!!!

Ele detectou todos os 27 ataques com nota 100%, gerou os alertas e um unico incidente agregado para a estação atacada na simulação e a integração com Sentinel detalhou as ações.

Como comentado o Defender conseguiu identificar que o ponto de ataque sofreu uma sequencia de ataques e gerou os 27 alertas e um único incidente:

E como tenho meu ambiente integrado, o Sentinel recebeu todos os alertas para serem tratados pelo SOC com detalhes das entidades envolvidas para tomada de decisões:

Conclusão

O Defender for Endpoint se saiu muito bem, como é esperado.

O kit de ferramentas da AttackIQ Flex se mostrou eficiente e abrangente com um catálogo extenso em categorias e diferentes simuladores.